(continuação de 38- Missão humanitária)
Estava no meu quarto a ler um livro, A Selva, de Ferreira de Castro, e a ouvir música gravada, quando a luz do gerador desapareceu após um valente relâmpago.
A escuridão da noite, a violência da trovoada, mesmo por cima de nós, o abanar do chão e a infernal barulheira da chuva diluviana sobre as chapas de zinco deixava o mais pacato a pensar.
A meio da manhã, ainda debaixo de chuva, com um céu muito cinzento e carregado de nuvens escuras, recebemos a informação de que a região continuaria até ao fim da tarde sob um violento temporal.
Foram horas e horas de trovoada e de chuva persistente.
Nunca tinha visto nada assim. Em qualquer cidade seria uma catástrofe.
Toda a área do aquartelamento ficou transformada num enorme pantanal, as picadas cortadas em vários sítios, pontes destruídas e a pista do avião interdita. Este dilúvio também nos deixou mais pobres. Ficamos sem o abastecimento semanal de frescos e o correio, tão desejado.
Tirando as rotinas normais de um quartel no meio da mata, passámos parte do tempo à conversa, a jogar, a ler ou a escrever.
. Ex-Militares