(continuação de 59- A iniciação dos rapazes)
Voltando a Maio de 1973, e ao tempo em que o ambiente entre as NT e as populações eram de confiança e de descontracção, lembro-me:
O momento em que um homem doente procurou o adivinho para se curar.
Este, começou o tratamento invocando os ídolos e os espíritos dos antepassados. No fim informou-o que estava enfeitiçado e que devia fazer determinadas rezas, pagar com uma cabra e tomar os remédios que deveria procurar na mata.
Só como exemplo, quando alguém tinha dores nos braços, nas pernas ou reumático, diziam que eram provocadas pelos espíritos dos brancos.
Quando a doença era mais pequena, chamavam-lhe uma “mahamba”, neste caso o tratamento era feito por exorcismo no meio de batuques e cânticos excitantes onde o “tchimbanda” e o assistente hipnotizam o doente e mais tarde lhe indicavam, o pagamento que era necessário fazer aos espíritos e os medicamentos a tomar.
O adivinho ou “tchimbanda” era, quase um deus que conhecia todos os segredos da natureza e da vida do sobrenatural a quem os espíritos obedeciam.
Nenhuma decisão grave era tomada por alguém, sem que fosse consultado o adivinhador, porque era a pessoa certa para o resolver, para entrar em contacto com os espíritos dos antepassados, para explicar o sobrenatural, solucionar a origem das doenças e a morte.
Enfim, para nós, europeus, aqueles adivinhos eram, quase sempre, pessoas sem escrúpulos, a quem toda a gente venerava, pagava e acreditava.
O povo tinha, sempre, muito medo.
(a seguir - Deslocação a Henrique de Carvalho)
. Ex-Militares