(continuação de 24- O "nossoalferes" paga)
Atenção: Este texto contém algumas frases que são impróprias, para menores ou pessoas sensíveis.
Uma jovem luena, com ar de poucos amigos, queixava-se do chindelo Q. por querer “maka”, armar confusão com ela.
Esta moça não era uma profissional do sexo, mas já tinha algumas comissões como costumávamos dizer.
Acusava o “chindelo” (branco) Q. de lhe querer bater para “esfoder nasboca” e insistia comigo, “nossoalfers, pá, asboca és pra comer, osmataco és pra cagar e assunji és pra esfoder, xi nossoalfers, essi gaju num tens esperto, num querer esfoder cum minina, só querer maka”.
Naquela época a mulher luena, enquanto solteira, tinha muita liberdade, na vida sexual. Praticava o sexo por desejo e por dinheiro e muitas vezes era ela que escolhia o homem, casado ou solteiro, com quem queria estar. O próprio pai impunha às filhas o casamento ou a prostituição. Recebia a maior parte do dinheiro, que geralmente destinava ao sustento dele e da família.
Este comportamento era considerado normal e bem aceite nesta comunidade. Também, às muitas mulheres casadas lhes era permitido ter amantes e até, o mais aceite era considerado como o marido suplente.
Havia um outro costume que estava relacionado com o alojamento de um forasteiro. Diziam que só podia ser com alojamento completo, cama e mulher, sendo que, no final, a mulher deveria ser gratificada.
As causas deste comportamento, deviam-se ao facto de a maioria das mulheres se casarem com homens muito mais velhos, da poligamia, e da imposição de um marido pela família ou a sua venda para casamento.
Voltando à jovem luena, convém referir, que enquanto novas eram sempre muito elegantes e que aquela acusação, ao chindelo Q., tinha, para além de tudo, um fundamento cultural neste ano de 1972.
Via-se, que entre os nativos, não existia, por exemplo, o beijo e o contacto físico, senão, como diziam, durante a intimidade do acto sexual onde as bocas e os corpos se confundem. Até o cumprimento de mão era substituído por um bater as palmas ou bater no peito.
Também não existiam aberrações nem perversão dos costumes, aliás existiam lendas para provocar repugnância, o medo e o horror a tais práticas.
Em conclusão, defendiam que cada órgão do corpo humano só deve ser empregue nas funções para que a natureza o criou.
(continuação de 23- O O. desenfiou-se)
Corria o mês de Julho de 1972 em plena estação do cacimbo.
Quatro “bons” malandros do meu grupo de combate lembraram-se de brincar com a guerra e com a vida.
Durante a noite envolveram-se, numa "geraldina". Cada um à sua vez, em prazer sexual com uma senhora, da sanzala do Canage, já conhecida por estas práticas.
Chamavam-lhe, “A muda”.
No final de cada serviço, diziam-lhe:
- O “nossoalferes” vem no fim e paga-te!
Na madrugada do dia seguinte, a senhora, enganada, apareceu à porta do nosso rudimentar destacamento. Estava furiosa e trazia consigo outras mulheres e mais dois homens. Armou-se uma tremenda confusão e uma grande gritaria.
Exigiam do “nossoalferes” o devido pagamento.
Eu estava deitado e não sabia o que se tinha passado.
Bem, no meio de toda esta mútua complicação, foi com sorte, com algumas cedências e com o triplo do dinheiro necessário, que o assunto foi solucionado a bem de todos.
Para me apaziguarem, diziam insistentemente que só queriam desenferrujar o prego e que não pensaram nas consequências da brincadeira, mas naqueles dias e naquele local, sem leis ou regras, o desfecho poderia ter sido irreparável.
. 25- "Chindelo" só querer ...
. Ex-Militares