(continuação de 27- Longínqua terra para onde fomos atirados)
Naqueles poucos meses, já tinha aprendido muito sobre o povo e a vida difícil das mulheres desta região de Angola.
A mulher era, acima de tudo, um instrumento de reprodução e de gozo sexual do homem, não tinha o direito de escolher o marido e provavelmente não havia o amor como nós o entendíamos.
A mulher valia na tribo pelos trabalhos que realizava e pelos filhos que procriava.
Ela começava o dia cedo, muitas vezes carregando os filhos às costas. As suas tarefas diárias incluíam, tratar dos animais, a preparação da comida e da terra, plantar mandioca, feijão, milho e batata-doce, pôr os tubérculos da mandioca a fermentar ou a secar, transportar a água, a lenha, frutos, raízes, assim como, ratos, gafanhotos e larvas. O cultivo da mandioca constituía a base alimentar desta gente, uma vez que a sua comida era à base de pirão, feita de farinha de mandioca por vezes misturada com milho ou tubérculo de mandioca seco ou fresco.
A farinha de mandioca, bem como o feijão e o milho provenientes das lavras eram vendidos em parte ao único comerciante na sanzala ou trocados por peixe seco, óleo de palma e panos.
Os homens tinham tantas mulheres quantas pudessem comprar, porque ter mulher ou melhor mulheres, significava ter comida e ser rico. Dedicavam-se à caça com arcos, flechas, dardos e armadilhas. A caça estava intimamente ligada às convicções religiosas ou tribais e também servia para fornecer carne para alimentação própria e para a comunidade. Adicionalmente, era seu dever construir a casa, procurar mel e destilar aguardente de milho.
Em conclusão, para as mulheres a infância acabava aos 10/12 anos quando eram pedidas em casamento. Começavam a preparar as refeições, a acarretar água e lenha, a trabalhar nas lavras e com actividade sexual, mesmo antes da iniciação. Por estes motivos, viam-se muitas mulheres com menos de 40 anos, numa avançada velhice prematura, completamente estragadas fisicamente e com aspecto de muito velhas. Causava pena ver as suas caras sofridas e os seios substituídos por peles mirradas e pendentes.
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