Terça-feira, 19 de Agosto de 2008

23- O O. desenfiou-se

(continuação de 22- Fieis katangueses)

 

A abertura do primeiro auto disciplinar coincidiu com o meu regresso ao quartel .
 

Sacassange e os militares estavam em polvorosa.
 

Estava em causa o comportamento de um ingénuo soldado.
 

Era o primeiro auto à luz do Código de Justiça Militar.
 

Durante o fim-de-semana, o soldado O. ausentou-se indevidamente ou melhor, desenfiou-se para uma sanzala que ficava a 2 / 3 quilómetros do quartel. Por lá ficou a viver durante uns dias com uma senhora. No quartel pensava-se em tudo, em tragédia, rapto, morte etc., menos no que realmente acabou por acontecer.

 

Depois de complicadas buscas, encontrámos, para nossa satisfação, o camarada O. .
 

Estava numa cubata com a sua nova companheira africana, uma luena, e em plena lua-de-mel.
 

Na fase final das averiguações, o capitão e comandante da companhia, perguntou?
- Soldado O., está arrependido?
A resposta não se fez esperar.
- Meu capitão, acredite que não estou nada arrependido e se eu soubesse que era assim tão bom já lá tinha ido antes!
 

Quanto ao auto, já não me lembro das conclusões ou das consequências.
 

Baseado neste caso e em outros, que irei contar a seguir, mais ou menos ingénuos, cheguei à conclusão de que para muitos dos nossos tropas milicianos a experiência militar também significou:

  • A primeira viagem de avião;
  • A saída de casa;
  • A ausência de vergonha dos vizinhos;
  • O contacto com outras realidades;
  • A necessidade de haver hábitos de grupo;
  • A obrigatoriedade de princípios de higiene;
  • A imposição de hábitos alimentares;
  • A liberdade de terem satisfação sexual, normalmente com a popular figura da lavadeira que facilmente misturava o trabalho com o prazer livre e alegre.

Alguns soldados, até desconheciam a existência de colónias portuguesas.
 

publicado por Alto Chicapa às 10:03

link do post | comentar | favorito

.mais sobre mim

.pesquisar

 

.Dezembro 2008

Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab
1
2
3
4
5
6
7
8
9
12
13
16
17
19
20
22
23
25
26
27
29
30
31

.posts recentes

. 66- Conclusões

. 65- Epilogo / Fim da comi...

. 64- Epilogo / Destacament...

. 63- Três crianças no quar...

. 62- Os meus olhos já iam ...

. 61- Deslocação a Henrique...

. 60- O tchimbanda

. 59- A iniciação dos rapaz...

. 58- A iniciação das rapar...

. 57- Mergulhos no rio

. 56- Mudança no comando da...

. 55- Torneio de futebol

. 54- Férias no "Putu"

. 53- Sem reabastecimento e...

. 52- O meu primeiro Natal ...

. 51- Um fim-de-semana ante...

. 50- Já passei por aqui e ...

. 49- Uma jiboia e o ataque...

. 48- Formigas quissongo e ...

. 47- Perdidos na mata

. 46- Formigas térmites e d...

. 45- Operação "Pato 7212",...

. 44- Operação "Pato 7212",...

. 43- Operação “Pato 7212”,...

. 42- Operação "Pato 7212",...

. 41- Os preparativos da op...

. 40- Calejamento dos grupo...

. 39- Chuva diluviana

. 38- Missão humanitária

. 37- Primeiro passeio pelo...

. 36- O nosso aquartelament...

. 35- As sentinelas

. 34- Alto Chicapa

. 33- Alto Chicapa, a minha...

. 32- O que é que eu faço a...

. 31- Ordem de movimento pa...

. 30- Chuva e trovoada

. 29- Dois irmãos de mães d...

. 28- O povo e a vida difíc...

. 27- Longínqua terra para ...

. 26- Uma G3 e cinco carreg...

. 25- "Chindelo" só querer ...

. 24- O “nossoalferes” paga

. 23- O O. desenfiou-se

. 22- Fiéis katangueses

. 21- Ataque ao MVL (Movime...

. 20- Exército de mosquitos

. 19- Informação militar em...

. 18- Entregues a nós própr...

. 17- Os maçaricos

.arquivos

. Dezembro 2008

. Novembro 2008

. Outubro 2008

. Setembro 2008

. Agosto 2008

. Julho 2008

. Junho 2008

. Maio 2008

. Abril 2008

.tags

. todas as tags

.links

blogs SAPO

.subscrever feeds

Em destaque no SAPO Blogs
pub