(continuação de 47- Perdidos na mata)
Nas 79 operações e patrulhamentos que o 1º grupo de combate realizou, onde não houve mortes, feridos ou acidentados, conhecemos dificuldades e muitas contrariedades, mas a sorte nunca nos abandonou porque fomos sempre audazes, disciplinados e prudentes.
Restaram, para recordar, algumas situações curiosas, como por exemplo:
O dia em que fomos invadidos e atacados pela quissongo.
É uma formiga com o corpo fino e avermelhado, uma cabeça relativamente grande e duas fortes mandíbulas que se cravam facilmente na carne.
Ela é persistente, consegue ultrapassar cursos de água e só não resiste ao fogo.
O ser humano e outros animais, por mais ferozes que sejam, podem ser devorados vivos.
Inadvertidamente, tínhamos parado num dos seus territórios. Lentamente, começaram a andar pelo interior das nossas calças, botas e pernas acima e de uma forma que parecia telecomandada somos mordidos violentamente e quase em simultâneo, parecia uma descarga eléctrica.
A aflição instalou-se, foi necessário tirar as roupas para aliviar as dolorosas ferroadas e retirar as formigas, uma a uma, que teimavam sempre em continuar agarradas à carne quando as arrancamos.
Normalmente, o corpo da formiga sai bem mas o conjunto da cabeça e as mandíbulas, é que continua no nosso corpo com as pinças pontiagudas cravadas.
A noite da fuga de dois carregadores quando numa operação junto ao rio Cassai nos deslocámos para um local que lhes causava medo.
Nunca imaginei a fuga de alguém em plena mata, mas também não fiquei admirado com o acontecimento.
Já me tinha apercebido que os carregadores andavam nervosos com o itinerário, faziam de tudo para o evitar, diziam-se doentes, sem forças, e que estavam em lugares de feitiço.
Acabou por ficar o carregador principal, o Sá Moço e mesmo assim com muitas dores de dentes.
Devido às fugas, não acreditámos nas suas queixas e como julgávamos que era um outro esquema manhoso o enfermeiro deu-lhe um comprimido laxativo.
No dia seguinte, perguntei: - Então Sá Moço? – Cá, os barriga! O pessoal ria-se com a maldade e perguntavam-lhe: - Sá Moço, vai mais um comprimido?
Enfim, hoje ainda tenho remorsos, porque também colaborei.
Em conclusão, o bom do Sá Moço tinha mesmo dores de dentes, que, imagino, deveriam ser muito intensas.
Para se livrar daquele tormento meteu na boca uma rudimentar faca e arrancou, assim sem mais nem menos, e pela raiz, um grande dente cariado.
Foi uma grande lição.
(a seguir - Uma jiboia e o ataque do Buda)
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