(continuação de 50- Já passei por aqui e um condutor nervoso)
A vida no quartel mantinha-se sempre igual e rotineira, mas era muito exigente para aquele meio, obrigava-nos a uma certa postura diária e a muita disciplina no vestuário, e ao cumprimento dos horários.
Entre o capinar e a plantação de abacaxis, havia sempre muitos trabalhos de manutenção ao quartel e de obras nas sanzalas.
Um certo dia, julgo que fui premiado sem o saber, fiquei de fiscal aos soldados que andavam a capinar o quartel.
A minha função era, mais ou menos, igual às do tempo das pirâmides do Egipto, obrigava-os a trabalhar e no final do dia identificava o trabalho feito, só me faltava o chicote.
É obvio que aquela tarefa era necessária, mas mesmo assim, parecia sempre um castigo para todos.
Eu, … desenfiava-me, e ainda mais do que os soldados.
Numa das minhas passagens pelo trabalho, encontrei sete indivíduos sentados em amena cavaqueira.
Perguntei-lhes:
- Então Quirino, o que estão a fazer?
- Estamos a capinar meu alferes.
- O que eu vejo é só conversa e estão num sítio onde nem sequer há capim.
– Alferes, a velhice é um posto e se nós estivermos aqui o capim não volta a crescer.
Um fim-de-semana antes do Natal, tive a sorte de assistir a um mercado. O Alto Chicapa ficou muito concorrido e com muita gente das sanzalas. Era um mercado da farinha de mandioca, bem como o de algum feijão proveniente das lavras.
Era vendido em parte a dois comerciantes ou trocados por peixe seco, carne seca, óleo de palma e panos.
Conheci bem um desses comerciantes, o Sr. Capela, um homem sempre prestável, pelo menos para os militares.
Nunca me esqueci do seu cozinheiro e dos seus valentes petiscos que tão bem sabia fazer com óleo de palma, e ... daqueles frangos, esfregados com sal e gindungo, que depois de assados davam para beber uma grade de cervejas.
( a seguir - O meu primeiro Natal em África)
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